domingo, 24 de agosto de 2014

60 ANOS DA MORTE DO VELHO

DIA DE BOA LEMBRANÇA
A Carta Testamento 24 de agosto de 2014
"Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se novamente e se desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam e não me dão direito de defesa. (...) Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo, para defender o povo que agora se queda desamparado. Nada mais posso vos dar a não ser meu sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a minha vida. (...) Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História."

SENHORES DEPUTADOS E COMPONENTES DO CONGRESSO NACIONAL.

DIA 24/08/14 FAZEM HOJE 60 ANOS DA MORTE de Getúlio Dornelles Vargas, a Carta Testamento acima resume sua trajetória e o recado à Nação.

Naquele dia 24/08/54 eu estava com 07 anos, dez meses e 24 dias, cursava o primeiro ano primário. Preparava-me para ir para Escola quando, ouvimos a voz forte e apertada de ERON DOMINGUES no Repórter ESSO anunciar, “ O Presidente Getúlio Vargas suicidou-se”. Naquele momento vi pessoas saindo correndo pelas ruas gritando, chorando desesperadas e dizendo, “nosso pai morreu” e agora! No embalo do desespero dos adultos, nós crianças, também entramos em pânico. Algumas pessoas colocaram pano preto na janela, outros silenciaram e os que trabalhavam, um grande número voltou para casa, inclusive meu pai. NOS SENTIMOS ÓRFÃOS. E agora, o que fazer?

Foi o que sentimos naquela época, influenciado por nossos pais e que a partir dali teríamos que seguir nosso caminho sem ELE. Aos 13 anos tive o primeiro registro de trabalho em minha Carteira de Trabalho do MENOR. Tinha orgulho de ser um trabalhador e contribuir com uma entidade que prometia que, ao me aposentar eu receberia um benefício proporcional ao valor que contribuísse. Vi vários amigos de meu pai se aposentar e realmente receberem o que a Entidade havia lhes prometido. Com esse entusiasmo cresci, trabalhei mais 27 anos em atividade INSALUBRE E PERIGOSA, contribui um tempo até no limite de 20 salários mínimos e aposentei em 1991 com TETO da época que era 420.000,02, que equivalia a 10 salários mínimos, embora os cálculos tenham ultrapassado este valor, chegando a R$475.000,0, mas a lei não permitia que o benefício ultrapassasse o TETO, naquela época um Deputado ganhava o equivalente a 34 salários mínimos, hoje eu ganho o equivalente a 3,4 salários mínimos.

A maioria dos Deputados de hoje, quando seus pais ainda pensavam em colocá-los no mundo eu já trabalhava e muito E AINDA TENHO QUE TRABALHAR PARA COMPLETAR RENDA. Assisti ao Plebiscito opcional ao Presidencialismo ou Parlamentarismo; a campanha “Ouro para o bem do Brasil”, onde vi meus pais darem suas alianças de casamento para construção do Bolo Econômico prometido pelo senhor Delfim que pelo próprio nome deu fim ao resultado, pois, a minha parte do BOLO não chegou ate hoje em minha mesa ou em minha vida. Eu só sei que, a minha vida vale a pena pelo que construí, ou seja, minha família e a convivência harmoniosa que temos. Valeu por ter contribuído na construção desse Brasil que vive meus filhos; embora tenha recebido de troco o descaso, desrespeito e descumprimento de palavra.

Valeu por ter filhos e neto honestos e probos; Valeu pela convivência com várias pessoas também de boa índole; Valeu por eu não estar no meio daqueles que tentam nos destruir; Valeu porque ainda, apesar de tudo, tenho esperança; Valeu porque ainda tem pessoas honestas e de bom senso; Valeu também por tudo que meus pais me ensinaram.

Não valeu pelo que me prometeram; Não valeu por ter acreditado no Sistema; Não valeu por ver tantos serem iludidos por maus políticos; Não valeu pela insensibilidade e ganância de muitos; Não valeu pela desonestidade do SISTEMA; Não valeu pela falta de caráter daqueles que nos enganaram; Não valeu por causa das sanguessugas que não se envergonham de beber o sangue transformado em suor de quem trabalha ou trabalhou; Não valeu pela hipocrisia, covardia e falta de bom senso Governamental e dos Deputados.

Mas ainda pode valer também se os Deputados no Congresso Nacional fizerem a reparação das injustiças sofridas pelos aposentados aprovando o PL 01/07; PL 4434/08, e Derrubada do Veto ao PLV 18/06 Se fizerem justiça ao sofrido trabalhador brasileiro derrubando o MALDITO Fator previdenciário, PL 3299/08. Valerá a pena ter vivido se realmente usarem da sinceridade e confirmarem no voto o respeito e apreço pelo Senador Paim que tanto luta pelos excluídos; Valerá a pena ter vivido realmente se os Deputados e Congresso Nacional respeitarem àqueles que vos antecederam e contribuíram para o Brasil que é hoje; Valerá a pena ter vivido se Vs. Exas. Puderem andar de cabeça erguida e olhando-nos “OLHO no OLHO”, conscientes do dever cumprido.

Valerá a pena ter vivido se VS. Exas. Lembrarem que estão no mundo e neste lugar porque nós os colocamos. Valerá a pena se os IDOSOS que compõe a Câmara conscientizem de que precisamos viver também. Valerá a pena se a Casa que cria as leis também as cumpra, respeitando o Estatuto do Idoso dando prioridade a nossos Projetos. Valerá a pena se houver JUSTIÇA.

DEPUTADOS, Reflitam... Reflitam.... Reflitam....e não percam a oportunidade de corrigirem essa injustiça. Se o velho, em algum lugar tiver conhecimento do que se passa aqui hoje, certamente estará decepcionado com seus sucessores.

A vida ainda tem jeito, só depende de vocês, Deputados e Congresso Nacional Dia 24 de agosto de 1954 tem uma história, não façam do dia 24 de agosto de 2014, 60 anos depois ficar marcado pela decepção, desonra, tristeza, injustiça e covardia.

ACREDITEM, NÓS TAMBÉM FAZEMOS PARTE DESSE GIGANTE.

Abraços, Antonio Carlos dos Santos.